sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Política Divina - A Frente Parlamentar Evangélica

Planejo postar trechos de capítulos do meu TCC, realizado em parceria com o irmão de todas as horas Rafael Costa, e colocar em circulação algumas pérolas colhidas durante as entrevistas que realizamos em abril de 2006, em Brasília, com a tropa de choque da Frente Parlamentar Evangélica que atuou durante o primeiro mandato do presidente Lula. Alguns trechos serão estrategicamente dispostos de forma aleatória, de modo a compor um mosaico de ideias e intenções. Esse perfil é o do deputado federal Hidekazu Takayama, do Paraná. Enjoy.


Deputado Hidekazu Takayama: o Condutor


Estou aqui para trabalhar e me somar nesta Casa, e espero, nesses quatro anos, dar a minha contribuição — sacrificando-me até por estar distante da minha família — para o crescimento de um país que meus pais queriam quando aqui chegaram, e que eu quero deixar para meus filhos e netos.

Pronunciamento realizado em plenário no dia 28/02/2003


“Por graça e benção de Deus eu nunca pensei em ser político”. Para o deputado Hidekazu Takayama (PMDB/PR) a maior dificuldade em exercer a atividade de parlamentar evangélico pode ser baseada em uma hipotética resposta sobre a seguinte pergunta: qual a dificuldade para o senhor em ser nipo-brasileiro?; nenhuma!. Assim como nascer com os olhos pequenos e puxados, ser político para Takayama foi mera conseqüência, pois nunca pôde determinar nem uma coisa nem outra.

Como provável decorrência de tal imprevisibilidade para ingressar na vida pública, o deputado Takayama é um tanto quanto confuso em relação à ideologia político-partidária; transita com desenvoltura por vários deles.

Seus mandatos eletivos contemplam uma eleição a Deputado Estadual, 1999-2002, pelo PFL; depois, foi eleito deputado federal para os anos 2003-2007, pelo PTB; em 2003, após eleito, foi para o PSB, onde permaneceu por breve período, e novamente para o PMDB, mesmo partido ao qual foi ligado entre 1989 e 1992.



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A entrevista com o deputado Takayama foi concedida logo após o culto que a FPE realiza todas as quartas-feiras de manhãs, na Área das Plenárias. Ao final do culto, fizemos o contato com ele e o acompanhamos até seu gabinete.

É de praxe nos cultos da Frente Parlamentar Evangélica que sua condução litúrgica seja revezada entre dois ou mais deputados. Takayama conduziu o culto naquela manhã do (dia 5 de abril, que conferimos in loco) após a pregação do pastor e deputado Pedro Ribeiro Por quase duas horas permanecemos sob os gritos exaltados de “Aleluia” ou “Glória a Deus” dos participantes.

Takayama escolheu a reserva moral como mote para dissertação e orientação espiritual dos presentes. Falou também sobre a discriminação que sofrem os parlamentares evangélicos, pois vários colegas ateus consideram a religião “um suicídio intelectual”; falou sobre o Apocalipse, a Culminação Final dos Tempos, sob a ótica dos tsunamis, de um furacão no sul do Brasil, das guerras religiosas ou ainda a presença da pedofilia na religião. Classificou a função dos deputados evangélicos como “um duplo sacerdócio – cívico e espiritual”.

Em sua avaliação, o culto é fundamental para a estabilidade da FPE. Somente ali encontram as origens que não podem ser esquecidas dentro do massacrante jogo de poder que tritura os homens engravatados de Brasília. O deputado sintetiza cruamente a opressão de tal poder, que poderia ser uma epígrafe em letras garrafais e luminosas para uma lápide do Congresso Nacional:

- Isso aqui é uma máquina de fazer ateu. O jogo do poder é muito forte. E se você não tiver consciência na vida vai se transformar num Judas da vida,vai vender Jesus por merrequinha.

Em última análise Takayama constata sob o prisma religioso nossa tragédia política e social. A palavra grega tragédia etimologicamente significa canto dos bodes, pois na origem do gênero teatral o coro trágico era composto por indivíduos disfarçados com peles de bodes, sátiros que simbolizavam os instintos primários do homem.

E para os gregos, em cada tragédia havia sempre uma realidade religiosa, um conflito entre a vontade divina e as aspirações humanas. E quem logra a vitória? Apenas os heróis, predestinados pelos deuses, que há muito ultrapassaram a média da humanidade.

2 comentários:

  1. Oi Rodrigo, fuçando no orkut da Dani achei seu blog. Adorei os seus textos e vou divulgá-lo no meu, oks.

    Beijos

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  2. incrível! só "por graça e benção de deus".

    aguardamos mais pérolas.

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