quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Conclusão

O amor e a paixão, mesmo quando sentidos sob todas as fibras do nosso corpo, são inventados em nossa imaginação; lá germinam, crescem e morrem, sem nunca ninguém saber quando e como existiu.

O amor é imaginado, antes de sentido e/ou concretizado.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Do lado de dentro

Aubrey Beardsley - Lysystrata


Ele está chegando, mas sempre parte logo. Os lábios pegando fogo, enquanto você está de cabelos molhados.
Alguém que tomou um elixir mas ainda permanece sonhando acordado e amando sonâmbulo.

Algo que fica no ar. O grito do ginasta, o medalhista sanguíneo. A mulher arrebatada por sabe-se lá quem, e por quais motivos?

Há sempre um soluço contido Há sempre a multiplicação das lágrimas num amplo manancial, há sempre os braços abertos para acolher Alguém. Mas que logo estará de partida, sabe-se lá pra onde.

Talvez seja eterno. Talvez azede rapidamente como uma garrafa de vinho aberta na geladeira.

Talvez nunca volte, talvez nunca telefone. Talvez esteja tatuado no ventre pro resto da sua vida.

Talvez ele te observe numa vigília eterna, e quando você abrir os olhos, ele se foi, como a alma liberta de um pássaro, riscando o céu do crepúsculo cor de vinho.

E ele não saberá mais de que matéria é feita o sofrimento da existência, o júbilo do amor, e a limpidez de uma lágrima ardente, daquele que um dia lambeu-a com gosto, como se seu corpo tenro e seus lábios macios fossem a consistência e a matéria física do Amor.