O Zen-Budismo revela a grande influência do Taoísmo em suas histórias. Uma delas fala de Nan-in, um mestre japonês que viveu durante a época Meiji (1868-1912). Certa vez vai visitá-lo um professor universitário que desejava conhecer o Zen. Segundo a etiqueta, Nan-in convida-o a sentar. Começa a servir o chá. A xícara do visitante já está cheia, mas Nan-in continua imperturbável derramando o chá, que principia a escorrer pelo chão. O professor observa o transbordamento, e não podendo mais conter-se exclama: “A xícara já está cheia! Chegou o momento de parar”. Ao que Nan-in observa: “Assim como esta xícara, também estás cheio de conceitos e especulações. Como poderei mostrar-te o Zen, se não te esvaziares primeiro?”.
i.ma.go sf (lat imago) Entom Inseto em seu estádio final, adulto, sexualmente maduro, comumente alado. sm Psicol Modelo, justificado ou não, de uma pessoa amada, formado na infância e que se conserva sem modificação na vida adulta.
domingo, 27 de setembro de 2009
Uma história Zen
O Zen-Budismo revela a grande influência do Taoísmo em suas histórias. Uma delas fala de Nan-in, um mestre japonês que viveu durante a época Meiji (1868-1912). Certa vez vai visitá-lo um professor universitário que desejava conhecer o Zen. Segundo a etiqueta, Nan-in convida-o a sentar. Começa a servir o chá. A xícara do visitante já está cheia, mas Nan-in continua imperturbável derramando o chá, que principia a escorrer pelo chão. O professor observa o transbordamento, e não podendo mais conter-se exclama: “A xícara já está cheia! Chegou o momento de parar”. Ao que Nan-in observa: “Assim como esta xícara, também estás cheio de conceitos e especulações. Como poderei mostrar-te o Zen, se não te esvaziares primeiro?”.
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Política Divina - A Frente Parlamentar Evangélica
Deputado Hidekazu Takayama: o Condutor
Estou aqui para trabalhar e me somar nesta Casa, e espero, nesses quatro anos, dar a minha contribuição — sacrificando-me até por estar distante da minha família — para o crescimento de um país que meus pais queriam quando aqui chegaram, e que eu quero deixar para meus filhos e netos.
Pronunciamento realizado em plenário no dia 28/02/2003
“Por graça e benção de Deus eu nunca pensei em ser político”. Para o deputado Hidekazu Takayama (PMDB/PR) a maior dificuldade em exercer a atividade de parlamentar evangélico pode ser baseada em uma hipotética resposta sobre a seguinte pergunta: qual a dificuldade para o senhor em ser nipo-brasileiro?; nenhuma!. Assim como nascer com os olhos pequenos e puxados, ser político para Takayama foi mera conseqüência, pois nunca pôde determinar nem uma coisa nem outra.
Como provável decorrência de tal imprevisibilidade para ingressar na vida pública, o deputado Takayama é um tanto quanto confuso em relação à ideologia político-partidária; transita com desenvoltura por vários deles.
Seus mandatos eletivos contemplam uma eleição a Deputado Estadual, 1999-2002, pelo PFL; depois, foi eleito deputado federal para os anos 2003-2007, pelo PTB; em 2003, após eleito, foi para o PSB, onde permaneceu por breve período, e novamente para o PMDB, mesmo partido ao qual foi ligado entre 1989 e 1992.
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A entrevista com o deputado Takayama foi concedida logo após o culto que a FPE realiza todas as quartas-feiras de manhãs, na Área das Plenárias. Ao final do culto, fizemos o contato com ele e o acompanhamos até seu gabinete.
É de praxe nos cultos da Frente Parlamentar Evangélica que sua condução litúrgica seja revezada entre dois ou mais deputados. Takayama conduziu o culto naquela manhã do (dia 5 de abril, que conferimos in loco) após a pregação do pastor e deputado Pedro Ribeiro Por quase duas horas permanecemos sob os gritos exaltados de “Aleluia” ou “Glória a Deus” dos participantes.
Takayama escolheu a reserva moral como mote para dissertação e orientação espiritual dos presentes. Falou também sobre a discriminação que sofrem os parlamentares evangélicos, pois vários colegas ateus consideram a religião “um suicídio intelectual”; falou sobre o Apocalipse, a Culminação Final dos Tempos, sob a ótica dos tsunamis, de um furacão no sul do Brasil, das guerras religiosas ou ainda a presença da pedofilia na religião. Classificou a função dos deputados evangélicos como “um duplo sacerdócio – cívico e espiritual”.
Em sua avaliação, o culto é fundamental para a estabilidade da FPE. Somente ali encontram as origens que não podem ser esquecidas dentro do massacrante jogo de poder que tritura os homens engravatados de Brasília. O deputado sintetiza cruamente a opressão de tal poder, que poderia ser uma epígrafe em letras garrafais e luminosas para uma lápide do Congresso Nacional:
- Isso aqui é uma máquina de fazer ateu. O jogo do poder é muito forte. E se você não tiver consciência na vida vai se transformar num Judas da vida,vai vender Jesus por merrequinha.
Em última análise Takayama constata sob o prisma religioso nossa tragédia política e social. A palavra grega tragédia etimologicamente significa canto dos bodes, pois na origem do gênero teatral o coro trágico era composto por indivíduos disfarçados com peles de bodes, sátiros que simbolizavam os instintos primários do homem.
E para os gregos, em cada tragédia havia sempre uma realidade religiosa, um conflito entre a vontade divina e as aspirações humanas. E quem logra a vitória? Apenas os heróis, predestinados pelos deuses, que há muito ultrapassaram a média da humanidade.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Loki?
Durante a década de 70, Arnaldo amargou anos em uma constante e profunda depressão, ocasionada, sobretudo, por seu rompimento com Rita Lee, com os Mutantes (já em sua fase 100% progressive rock, quando foram morar na Serra da Cantareira) e pelo uso contínuo e desbragado de LSD e outras drogas. O Arnaldo que emergiu desse cenário aparentava um aspecto doentio, desconectado com a “realidade”, mas ainda genial em suas composições.
Não conheço ninguém que tenha o álbum “Loki”, que comprei aos 20 anos na Baratos Afins, selo que gravou Itamar Assumpção e uma leva imensa do punk rock 80’s, e que ainda funciona como loja de música, em atividade na Galeria do Rock, capitaneado pelo heróico Luiz Calanca. Durante esses anos, ouvi o álbum uma infinidade de vezes – gravado ao vivo, com piano (Arnaldo), baixo (Liminha) e bateria (Dinho - os dois últimos ainda integrantes dos Mutantes) a sonoridade do álbum lembra um Jerry Lee Lewis tropicalista & psicodélico, com letras absolutamente dadaístas e com muito humor (acho que não existe dadaísmo sem humor), como a que abre o disco, onde Arnaldo se questiona: Será que eu vou virar bolor????.
Não vou discorrer sobre o documentário, um dos mais emocionantes que já assisti na minha vida; acho que todo mundo que gosta de música brasileira deveria assisti-lo. O que me interessa e incomoda é o desconhecimento absoluto da obra de um cara genial como Arnaldo em função de sua “estranheza”. O ostracismo que viveu na segunda metade da década de 70, assim como o que viveu Tom Zé, Jards Macalé, Sérgio Sampaio, entre outros, é decorrente de um não entendimento artístico de soluções estéticas inovadoras. Artistas que não fazem concessões. Por essa razão o Chico Buarque e o Caetano, por exemplo, sempre estiveram em voga – o primeiro pelo seu “parnasianismo Belle Époque”, em contraponto às suas composições transgressoras; o segundo pelas sempiternas gravações de Peninhas e afins.
Depois do álbum “Loki”, Arnaldo compôs e tocou todos os instrumentos no álbum “Singing Alone”, de 1979. É um álbum ainda mais assombroso, repleto de pequenas delicadezas, amargura, humor – um dicionário afetivo da vida de sua vida, de suas influências estéticas e musicais. A música que abre o álbum, “I fell in love one day”, só voz e piano, já não lembra o entusiasmo juvenil e iconoclasta de um Jerry Lee, mas sim um Erik Satie melancólico, fin-de-siécle, desfiando amargura na letra composta em inglês: “I fell in love one day/ to a lady so cool/ she had all the magic serpents/ohhhhh/”.
O mais importante de todo esse papo é que Arnaldo está lúcido, após ter sido “ressuscitado” por sua mulher e anjo da guarda, Lucinha. E me parece extremamente feliz. Ele conseguiu um feito: personificou a sua canção mais conhecida, “Balada do Louco”. E segue assoviando melodias inauditas por aí.
Rodrigo Saffuan
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Júlio Barroso
Certa feita, durante o enterro do jornalista e compositor Júlio Barroso, Lobão e Cazuza, que eram amigos, admiradores e parceiros de Júlio, esticaram uma carreira de cocaína sobre o caixão e mandaram ver um tiro em homenagem ao falecido.
A despeito da morbidez do fato, é notável como algumas pessoas suscitam atitudes que contemplem o dionisíaco e o excesso até na hora da sua morte. Já li diversos relatos sobre a morte de artistas, músicos e poetas nos quais são descritos embriaguez e júbilo entre os amigos que continuariam por aqui, durante o rito de passagem.
O artista morreu de forma trágica, em 1984, após cair do quarto de um hotel em circunstâncias desconhecidas, assim como o trompetista Chet Baker em Amsterdam. É provável que tenha sido acidental, como relata Nelson Motta no livro “Noites Tropicais”, que cogita a possibilidade de Julio estar “bebendo, trepando, cantando, ou tudo isso ao mesmo tempo”, (ou algo parecido com isso, já que não estou com o livro à mão).
Júlio Barroso é considerado um dos precursores do movimento “new wave” no Brasil, após ter fundado a Gang 90 & as Absurdetes, que levantou o Maracanãzinho no festival MPB-Shell, em 1981, com a música “Perdidos na Selva”, de co-autoria de Guilherme Arantes. A performance de Júlio foi impagável. Diante de uma plateia entusiasmada, ele fazia da apresentação uma performance, já que seus dotes vocais eram limitados. No entanto, ele compensava com atitude punk: um caro alto, esguio, com óculos grossos, cuspindo a letra com vontade. Levantou a multidão.
Antes de tornar-se conhecido como band leader, Júlio foi um jornalista muito influente, pois trazia informações de primeira ordem nos tempos de abertura política sobre música e comportamento, com um texto vibrante, seco, direto, muito influenciado pelos autores beats, que começavam a circular à época traduzidos, aqui no Brasil. Há um tempo, o jornalista do Estado, Jotabê Medeiros, publicou um texto inédito que Júlio escreveu sobre Chuck Berry publicado na revista “Somtrês”, em 1981.
Durante o começo da década de 80, compôs diversas músicas com Lobão, que recentemente gravou duas inéditas do amigo (e ídolo) no álbum “Canções dentro da noite escura”. Por hora, vou deixar a letra de uma homenagem lancinante (não estou conseguindo postar o vídeo aqui)
ao escritor Jack Kerouac:
Jack Kerouac
Alice Pink Pank/Julio Barroso
Ontem a noite eu sonhei
que eu era Jack Kerouac
E subi num terraço: rua Houston
E vi as duas torres gêmeas brilhando.
O cabelo louro da menina
As tranças negras do crioulo
A sua guitarrra - a sua angústia calma.
Eu desci
Peguei a minha lata de spray
Sai pela rua, pintei dois olhos verdes nas paredes.
Ontem a noite eu sonhei
que conversava com Jack Kerouac
Ele chegava e me dizia
“Hey Man! eu renasci black
E agora sou um tocador de piston!”
Eu só sei que o som era tão alto que despertou o mundo inteiro
Eu acordei, e saí mandando brasa nas estradas do mundo.
Ei Jack! Bye Bye
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Primavera - 2009
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Reino de Baco
o tapete manchado de vinho
é poesia no tempo passado
um recado pra Baco
sangue pisado
na boca de Cristo
futuro ainda não visto
nossos corpos
revisitados
copos vazios e borrados
nas bordas restam delírios
o tapete estava manchado de vinho
e a atriz nem ligava
no ato evocava Baco
e a noite negra ecoava
uma gota em nossos lábios
do resto do vinho seco
que no centro do coração amarga
mas alivia o peito
Razão de ser - Imago
Esse vocábulo há muito me acompanha. Não me lembro quando descobri o seu significado, mas acho que ele se adequa perfeitamente ao meu momento. Talvez um dia seja o título do meu primeiro livro. Eis o significado:
i.ma.go
sf (lat imago) Entom Inseto em seu estádio final, adulto, sexualmente maduro, comumente alado. sm Psicol Modelo, justificado ou não, de uma pessoa amada, formado na infância e que se conserva sem modificação na vida adulta.