Ver um bom show cover dos Beatles, sem micagens e preciosismos idiotas (a banda ridiculamente vestida de Sargento Pimenta, por exemplo), e quando o Edgard Scandura é o guitarrista solo convidado e a vocalista é uma moça charmosa e afinada - é realmente divertido
Mas ontem, após mais de dez anos freqüentando o Sesc Pompéia, fui surpreendido: o tradicional guichê de birita (estrategicamente posicionado ao lado do bar) fora extinto e realocado na entrada da choperia, com tediosas filas e uma porra de uma senha eletrônica de espera.
Pior: ao ir comprar minha generosa e merecida dose de vodka numa sexta-feira pós-carnaval, fui admoestado com veemência pela caixa do SESC: - vodka pura não tem (não pode – o governador e o prefeito não bebem; logo, não beberás).
- E uísque? Conhaque? Vodka?
- Apenas cerveja de lata, chopp e caipirinha.
- Mas não quero açúcar, gelo, limão; quero uma vodka com gelo. Só isso. É pedir demais? Preciso subornar o garçom pra não por tais ingredientes? Eu quero desse jeito, qual o problema? Não estou armado; não sou afeito a brigas, só quero ouvir um som tomando a bebida que eu desejo
- Só caipirinha, chopp ou cerveja em lata, respondeu a moça do caixa, broxada.
Um companheiro anônimo resmungou – um amigo fugaz da fila, món semblable, món frére. Reclamou a respeito da falta do uísque. Senti que não era paranóia da minha cabeça, fui endossado por um cara perfeitamente normal:
- Mas não tem mais dose pra vender? Qual o motivo? Podia até ser um conhaque. Por que não posso?
- Só temos essas bebidas que o senhor está vendo relacionadas no cardápio (de péssimo gosto, pendurado na parede).
Essa é uma tendência perigosa
Só me faltava essa: o bar ficou moralista. Ele, como um ser senciente, decide o que você vai tomar, e no horário em que o dono achar mais polido, mais respeitoso.
È o Estado tutelando sua vida privada
E por que não um uísque? Até as drogas legais estão sendo banidas, ou controladas.
Totalitarismos quase imperceptíveis, de tão perniciosos. A crescente espiral de idiotice.